quarta-feira, 17 de abril de 2024

Material pesquisado sobre Cerro Largo (Serro Azul)

 


 

Cerro Largo, sua história, ainda como Serro Azul

 

                               Os jornais de época nos dão uma dimensão de Serro Azul, hoje cidade de Cerro Largo. Em princípio fontes fidedignas em relatos garimpados e reduzidos a termo, com link do original para pesquisas daqueles que procurarem pela originalidade.

                               Importante frisar de que Serro Azul, foi parte da então colônia Guarany, 5º distrito de São Luiz Gonzaga, passando a ser o 6º distrito. Ficou uma colonia dentro da colonia. Sua criação:

Por outro lado, entenderam as autoridades da época, que a área administrada era muito grande e resolveram, então, criar o 6º Distrito, formado por parte do 5º distrito, como se vê no trabalho de Sonia: “O Livro de Actos do Município aponta para o fato de que um novo distrito foi criado, pelo Decreto de 08.12.1915, estabelecido pelo ato n.5 de 08.12.1915, considerando que: o 4º e 5º districto, por sua grande extensão territorial, densidade de população e crescente desenvolvimento, dificultam uma boa administração e sua subdivisão trará forçosamente mexer administração e que é aspiração d‘aquela zona essa divisão e, como consulta ella também ao interesse do Município, a Lei orgânica, em seu art. 10º, inc. 1º e 3º, resolveu: Art. 1º - Fica creado um novo districto com a denominação de Sesto Districto, tendo como sede a da Colônia Serro Azul formado de parte do 4º parte do 5º Districto, com as seguintes divisas: Ao Sul pelo rio Ijuhy Grande, a partir do ponto onde esse rio faz contacto com a divisa das terras da Companhia Colonizadora Rio Grandense descendo por elle até à barra do lageado Portão, no 4º Districto, ao Oeste seguindo pelo lageado Portão até as suas cabeceiras e d‘ahi por uma linha reta até encontrar a linha 3 e por essa linha até o rio Comandahy; ao Norte seguindo pelo rio Comandahi até encontrar a linha Izabela, descendo por ella até encontrar a divisas das terras da Companhia Colonizadora, por essas divisas até o rio Ijuhy Grande, d‘onde partiu. Art. 2º Revogam-se as disposições em contrario. Façam-se as devidas communicações. Intendência Municipal de São Luiz Gonzaga, 8 de Dezembro de 1915. Fructuoso G. Pinheiro Machado. Intendente (VIEIRA, Sonia Bressan, 2010, p. 285)

Foi criada a Colônia de Serro Azul pelo Dr. Horst Hoffmann. Sendo esta confessional, ou seja, étnica e religiosa (NEUMANN, R. M, Uma Alemanha em Miniatura, 2009, p.18). Dentre os projetos de colonização confessionais, destaca-se a fundação da colônia de Serro Azul, hoje Cerro Largo, na região das Missões, em 4/10/1902, pela Associação de Agricultores, a Bauernverein, na pessoa de Pe. Max von Lassberg, SJ, juntamente com Karl Culmey. A partir dessa experiência, o mesmo religioso fundou, ainda, ao lado, Santo Cristo, [...] a Companhia adquiriu já em 1900 uma área de 29.160 hectares na margem direita do rio Ijuí, no município de São Luiz Gonzaga, fundando ali a colônia Serro Azul (hoje, Cerro Largo), um ponto estratégico, pois futuramente seria o local de entroncamento dos ramais da referida Estrada de Ferro (NEUMANN, R. M, Uma Alemanha em Miniatura. 2009, p. 69).

Outro fato que considero importante, embora possa não ser o mais exato, é a notícia que dá a limitação dos núcleos da colônia Guarany, quais sejam: Uruguay – na margem do Rio deste nome e constando de: Rincão Vermelho, Serro Pelado e Porto Lucena. Commandahy: que se compõe de Serro Azul, Encantado, Campo Novo e Giruá.

Jornal a Federação, cabe destaque o despacho da Secretaria de Obras, do ano de 1903, edição 180, p2, 04/08/1903[1], acessado em 25/01/2024 e 19/02/2024, Ibsis litteris:

SECRETARIA DE OBRAS PUBLICAS

Despachos

            Dia 31- Do Dr. Presidente:

            Dr. Horts Hoffmann. – Na presente petição expõe o dr. Horts Hoffmann, liquidante da empresa Estrada de Ferro Noroeste Rio Grande (Rio Grande Nordwest – Bahn Gesellschaft M. Casebräukter Haftung):

            Que em sessão de assembleia geral de acionistas effectuada na cidade de Leipzig, em 24 de janeiro do corrente anno, foi deliberada a liquidação da referida sociedade, attenta a impossibilidade de obter novos e sufficientes capitaes, para que foram em vão todas as tentativas feitas assim como na Allemanha, como na França, Inglaterra, Belgica, Austria e Estados Unidos;

            Que em consequencia, nos termos de direito, se deve considerar caduca a concessão que o governo deste Estado outorgara, por decreto n. 104, de 26 de julho de 1897, para exploração de uma estrada de ferro de Tupaceretan a S. Luiz e Nonohay, com um ramal para Caxias, e outro de S. Luiz para S. Borja e Itaquy.

            Que além disso, terão de reverter ao domínio do Estado, de accordo com o art. 3º do contrato addictivo de 24 de maio de 1899, todas as terras que a sociedade adquirira, por compra, ao governo do Estado, em 23 de janeiro de 1900 e 15 de fevereiro de 1901, as quais constituem os Nucleos Boa Vista e Serro Azul (Santo Cristo e Cerro Largo grifo meu), situados no município de Santo Angelo e S. Luiz Gonzaga, com uma área de 83.176 hectares, 18 ares e 0,4m2;

            Que a sociedade iniciou com grandes sacrifícios pecuniários a colonização destas terras, nas quaes já estão estabelecidas 31 familias de agricultores brasileiros, tendo, outrosim, executado vários trabalhos, como medições, demarcações da sede e dos lotes coloniaes, abertura de estradas e caminhos vicinaes, construção de casa para alojamento de immigrantes, além de outras bemfeitorias;

            Que, no intuito de evitar maiores prejuízos para o Estado, e para a sociedade, propõe-se o peticionário a comprar, em seu nome individual, pelo preço de 6.020 rs. por hectare, a área ainda não cultivada e contida nos mencionados núcleos Boa Vista e Serro Azul, deduzindo-se, porém, daquele preço a quantia de 2.020 rs. por hectare, por já haver sido paga pela sociedade, obrigando-se somente o peticionário a pagar o preço restante de 4$000 em prestações trimestraes, a proporção que as terras forem colonisadas;

            Que a administração e colonisação das terras ficará a cargo da associação denominada Confederação de lavradores rio-grandenses (Rio-Grandenser Bauerwerein) que, pelos seus fins e excellente organisação como pelos recursos que dispõe, esta em circumstancias de concorrer efficazmente para o desenvolvimento material daquela importante zona;

            Isto Posto:

            Considerando que, por decreto n. 104, de 26 de julho de 1897 e na forma do contrato de 30 mesmo mez, concedeu-se a Henrique Schuler, privilegio para construção, uso e goso, durante 30 annos, de uma estrada de ferro de Tupaceretan a S. Luiz, com ramaes para Itaquy e Nonohay e outro de Nonohay a Caxias passando por Alfredo Chaves, sem garantias de juros ou outro favor especial, a não ser a transferência das terras devolutas existentes na zona privilegiada, ao preço reduzido de 2.020 rs. por hectare, tendo este privilegio transferido á sociedade Dr. Mayer & C., mais tarde denominada Estrada de Ferro Noroeste Rio Grande, a quem permittiu-se colonisar desde logo a facha de terras devolutas que fosse discriminada, conforme contrato additivo 24 de maio de 1899, antes de começar os trabalhos referentes a construcção da via-ferrea;

            Considerando ante a impossibilidade de evitar a liquidação da sociedade “Estrada de ferro Noroeste Rio-Grande” e a consequente rescisão de contractos de 30 de julho de 1897 e 24 de maio de 1899, o que convém actualmente é attenuar os seus effeitos desastrosos ao menos na parte relativa á colonisação das terras supra-mencionadas;

            Considerando que, sob o ponto de vista, a proposta, ora exhibida, satisfaz as exigências do bem publico, quer quanto á forma de elementos de colonisação, que simultaneamente asseguram o rápido povoamento do solo e a boa organisação do trabalho agrícola, quer quanto á entrada ao erário publico, em praso limitado, da importância de 333.000$000, valor total da venda.

            Considerando que, dest’arte liberta-se o Estado dos ônus que lhe adviriam da administração directa dos citados núcleos, sem prejuízo, todavia, da fiscalização superior que lhe reserva em relação ao serviço a cargo do adquirente ou da sociedade que representar;

            Resolvo declarar caduca a concessão feita pelo decreto n. 104 de 26 de julho de 1897 e insubsistentes os contratos de 30 de julho de 1897 e 24 de maio de 1899, outorgando ao peticionário a concessão que solicita, mediante contracto em que se hão de estipular as condições geraes  de direito, além dos que concernem á forma de pagamento e as obrigações que deverá assumir a sociedade “Confederação de lavradores Rio-Grandenses” na qualidade de cessionários e administradora dos referidos núcleos Boa Vista e Serro Azul.

            No Jornal do Dia, publicado em Porto alegre, no dia 08 de abril de 1956, na página 10, o Pe. Godofredo Schmieder S.J., com o título a Avó das Associações Rurais, preparação da Colonia Serro Azul, de uma maneira muito singular expõe a história desta colonia.

            Retrata o referido padre, que foi adquirido uma enorme quantidade de terras por um comerciante, bem como a concessão para construção de uma estrada de ferro, cujas promessas ficaram somente nas notícias e papeis, ficando só como projeto, como o nome Via Férrea Noroeste, e segundo este esta empresa sairia de Tupanciretã da estrada já existente da estrada de Santa Maria a Cruz Alta, cruzaria segundo ele as pouco férteis e prematuras  terras de São Luiz, onde atravessaria a linha Uruguaiana – São Borja. O projeto grandioso tinha um prêmio pelo empreendimento de 5 km demarcado pelo governo de 5 km de terras de cada lado da ferrovia, com o pagamento de cinco mil reis por hectare, preço este simbólico.

            Escreve o Padre, que se tratava de um aventureiro, que como em muitas colônias novas arquitetava planos similares, e nada entendia de estradas de ferro. A linha atravessaria somente campos, sem possibilidade de lucros, o que segundo ele queria vender a concessão, com lucro duplicado, a outro aventureiro, e conseguiu.

            Uma empresa inglesa, Rotschild resolver aplicar os milhões recebidos de indenização do Governo imperial brasileiro na linha Noroeste. Era urgente aplicar o dinheiro, o diretor da colonia recebia 30.000 marcos anuais, a extensão de Tupanciretã a Nonoai foi em poucos meses, delimitada e medida por engenheiros alemães. A região era escassa de rendimentos, adquiriram os dois primeiros distritos, de mata virgem, ao longo da estrada, ao preço de dois milhões por hectare. Acontece que conseguiu vender até 1902, somente 12,5 hectares, devido as péssimas condições de transporte. A maioria era de imigrantes europeus recém chegados e incapazes de se ajeitar em meio a mata virgem. Em 1903 já havia 31 famílias. O Deutsches Volksbiatt, noticiou que se não houvesse mais ingresso de colonos, todos teriam que voltar, era tudo ou nada, era largar a colonização ou iniciar uma grande.

            A linha Férrea Noroeste, dissolveu-se em 1903, com eminente e possível volta das terras para o Estado, o Diretor Dr. Horts Hoffmann conseguiu como vimos acima uma nova concessão. A salvação de Hoffmann foi a criação da União dos Agricultores Riograndenses em 1900, e na segunda assembleia geral o fundador da associação Pe. Amstad S. J. foi delineado pelo mesmo um projeto de colonização no norte e noroeste do Rio Grande do Sul, tendo pedido ao Dr. Hoffmann que inserisse no mapa indicações de colonização de sua companhia, isto era típico do padre, pedir auxílio no lugar certo.

            Hoffmann compareceu a reunião acompanhado de Kulmey, agrimensor, onde expos seus planos. A União enviou uma comissão examinadora, para o reino de Hoffmann.  Além do chefe, Pe. von Lassberg S.J. partiram ainda, os Sr. J. Franz, K. Kern, J. , M. Finkler, A. John, P. Care, J. Konrad e, J. Chassot, e no dia 10 deslocaram-se a Serro Azul, atual Cerro Largo, tendo o marco inicial uma cruz de pedra, onde foi celebrada a primeira missa pelo Pe. von Lassberg.

            Relata outro fato importante que aconteceu de 13 a 15 de março de 1903, que foi uma reunião, realizada em São Miguel de Dois Irmãos, Assembleia Geral de Católicos do Rio Grande do Sul, onde os delegados da União dos Agricultores aproveitaram a ocasião onde o Pe. Lassberg, abordou o tema: para onde emigrar, indicando a região de São Luiz como favoráveis, por ser extremamente fértil, não havia carestia de água e era banhado pelos rios Ijui e Uruguai. Falou na mesma ocasião ser favorável a colonização de Hoffmann e que havia possibilidade de aquisição de terras do governo. Nesta Assembleia, entre outras, por sugestão de Hugo Metzler, diversas resoluções, a respeito da colonização: a) ... que todo aquele que tiver terra suficiente não emigre; b) ... para aqueles que a emigração era necessária, que era uma necessidade de manterem-se unidos; c) ... que o ponto mais indicado se aponta a região das Missões.

            Longas foram as negociações com Hoffmann, mediadas pelo Padre juntamente com Jorge Frantz, e o presidente da Associação, Guilherme Hansel, chegando-se a um pré-contrato, após a concessão pelo governo das terras de Serro Azul e Boa Vista para Hoffmann.[2]

            Pe. Lassberg já havia estado na colonia Serro Azul, antes de assumir a colonização, em 04 de outubro de 1902, juntamente com Mathias Munchen, Carl Dhamer, João Ten Katen, Mathias Bard, Paul Johann Hoffmann, Pedro Martini, Jacob Muller, Pedro Ludwig e Miguel Schneider.

            Em 15/04/1956[3], o Pe. Godofredo segue contando a história, na sua narrativa descreve que no dia 24/09/1903, foi assinado o contrato de compra das colônias, pelo plenipotenciário e diretor da mesma Sr. Teobaldo Friederichs,  da parte da União dos Agricultores, ao custo de 8.500 mil reis por hectare, em Serro Azul e, 7.500 da colonia Boa Vista, ficando o lote rural de 25 há ao custo de 212.500 mil reis, somados a isto ainda havia o pagamento da medição, ficando em 300.000 mil reis uma colonia de terras. A União os vendia por 450.000 mil reis, quando o pagamento a vista e a 500.000 quando parcelado.

            Os 150.000 mil reis que sobravam, mal dava para custear as despesas administrativas da União de Agricultores, incluindo estradas, igrejas de ambos os credos, escolas, correios, entre outros. Os preços praticados não poderiam ser reajustados, conforme contrato com o Governo.

            Os primeiros colonos entraram na região praticamente sem recursos financeiros, e o pouco que tinham foi gasto nos meses de espera pela conclusão do contrato. Desde o inicio a União de Agricultores teve que juntar grandes somas que somente mais tarde retornariam. Diversos pioneiros sequer tinham condições de pagar a entrada em sinal de negocio, de 200.000 mil reis, pagando em serviço na abertura de estradas.

            Estas condições financeiras fizeram que o administrador Sr. Jorge Frantz, de Santa Cruz do Sul, recebesse um baixo salário, de 100.000 mil reis mensais e 5% do valor da venda das terras.

            O entusiasmo mesmo assim era grande, cresceu Serro Azul, e já em outubro, com outros mais colonizadores, levando pequenas farmácias, parteira elementos indispensáveis até mesmo nas colônias mais antigas.

            Matias Finkler, publicou relatório em 1904, no “Amigo dos Agricultores”, a invulgar temeridade, das dificuldades enfrentadas pelos colonos: “no dia 4 de julho de1904, parti em companhia de mais seis moços dispostos da velha colonia de Dois Irmãos, para seguir viagem as novas colonizações de Serro Azul, porque cada um dos expedicionários tomara firme resolução de comprar terras, iniciar a derrubada e construir casa, munidas de todos os apetrechos e utensílios necessários para a tamanha empresa. Havia prevenindo aos meus companheiros que não existia o menor perigo da parte de bugres, tigres e outros inconvenientes que costumam opor-se aos colonizadores de terras novas. Levavam, contudo, armas e munições para qualquer eventualidade.

Na viagem fomos detidos por quatro dias, chegando a Serro Azul, no dia 17 de junho. Penetramos no mato para escolher terrenos do agrado de cada um. Depois de cinco dias de inspeção havíamos encontrado o mato que mais apto nos parecia para a colonização. Distava 11 quilômetros da vila. Porque a distancia era demasiada até a casa construída para os primeiros imigrantes, carregamo-nos de ferramentas, viveres, ponchos e outros utensílios indispensáveis e encaminhamo-nos mata a dentro... para começar sem demora o trabalho nas colônias escolhidas dias antes.

No trabalho árduo de derrubadas esqueceram meus moços por completo dos tigres e os bugres e as armas quase enferrujaram por falta de uso. Passamos desta forma 8 semanas na mata virgem. As primeiras noites dormimos sob o céu estrelado sem que bugre ou tigres nos incomodassem. Os bugres de tigres das matas de Serro Azul são, portanto, uma quimera, com a qual se pretende amedrontar espíritos tímidos.

Em agosto retornei a minha terra natal, levado pela consoladora certeza de haver contribuído para uma existência segura e feliz, de um bom numero de jovens audaciosos. Todos estão animados da melhor boa disposição e sentem-se realmente felizardos em possuírem terras em região tão fértil e aprazível. O solo que parece de fertilidade invulgar garante um porvir seguro e sem grandes preocupações”.

Outro jornal “Deutsblatt Volksblatt” esclarecia aos jovens desejosos de emigrar sobre as vantagens e desvantagens da nova colonização em uma série de artigos nos dias 16, 17 e 18 do mês de setembro, de autoria de Löw, sobre “A Colonização do Território das Missões” pela União dos Agricultores Riograndenses, e esclarece que o nome Missões refere-se a importância histórica das novas colônias e ainda hoje encontram-se ali as Ruinas de São Miguel, “Rainha” das Reduções, fundada pelos missionários jesuítas. Esclarece que esta União interconfessional fundada e dirigida por pioneiros da Companhia de Jesus, fez com que surgisse uma nova era sobre os destroços dos aldeamentos indígenas de outros tempos.

Em territórios entre os Rios Ijuí e Comandai os afluentes do primeiro correm do norte para o Sul, e do segundo de sul para norte, o que facilitou a mensuração e repartição das colônias, sendo que na distância de cada 2 quilômetros traçavam-se ao longo dos cursos de aguas picadas de norte para o sul, assim da vila para oeste mediram-se 12 picadas e para leste ficaram as picadas de Rosario e Tremônia. A abundância de águas logo mostrou-se menos suficiente que o esperado. A Distância entre os rios fica em torno de 20 e 25 quilômetros, tendo os arroios cursos reduzidos e em secas mais prolongadas chegavam quase a secar, os poços cavados tiveram sempre água suficiente e o solo especialmente fértil. As temperaturas superiores são frequentemente maiores que do leste do Estado.

A União de Agricultores, para facilitar a vinda de novos colonos instituiu um serviço especial de viagens, em Cruz Alta, no final da linha férrea, o Sr. Krebs que hospedava os imigrantes em seu barracão de madeira, as bagagens a ele eram endereçadas, e no final este se encarregava de mandar a Serro Azul.

No limite de Cruz Alta e Júlio de Castilhos, estava o que denominavam de Vila Rica, e duas horas depois da saída oferecia-se água de fonte em lugar fresco e aprazível a fazerem sua refeição.

Relata que nas comemorações do 25 aniversario, em publicação de Porto Alegre, que durante os dias daquelas viagens era comum cruzarem nada menos que setenta a oitenta carros de bois com carga pesada, isto nos primeiros tempos, diminuindo quando as estradas de ferro chegaram mais próximas.

Pernoitavam em São João Mirim, local das antigas reduções de São João Batista, ou em Cruz Alta. Era comum na primeira adquirirem suprimentos e ferramentas para o resto da viagem. A casa de negócios era do Sr. Kuel, que mais tarde foi Intendente de Santo Ângelo. Neste local dividia-se o caminho, um para as reduções e o outro para o rio Ijui e finalmente Santo Ângelo.

As margens esquerda do Ijuí ergueu-se um pequeno outeiro[4], o Serro Azul, que tinha uma vista geral de toda a colonia. No passo do Encantado atravessavam os viajantes o Ijuí, que mede uns cem metros, e em meia hora de caminhada estavam na vila, o centro histórico da colonização.

Pe. Teodor Amstad S. J. relata na Assembleia Geral das União dos Agricultores, realizada de 17 a 19 de abril de 1904, relatório satisfatório, sem precisar lamentar como costuma ser com outras associações.

Ótima também foi a solução para a questão religiosa, protestantes e católicos trabalhavam juntos, da melhor maneira que se podia imaginar. Estabeleciam suas fundações em separado, viviam cada qual para si, e no esforço coletivo eram parceiros. O padre Max e o pastor luterano Dedekind, relataram suas andanças pela colonia e regozijaram com a paz e harmonia que viviam, não apesar, mas sim por causa da separação das fundações. Comum foi a queixa do alto custo de transportes e viagens, para colocação dos produtos por eles produzidos, somados a isto a epidemia de tifo, que rondou todo o ano de 1904 a central de imigração, acalmando em 1905.

Um novo inimigo apareceu em outubro, uma onda de gafanhotos, vindas da Argentina e fixando-se sobre a colonia. Assim que avistavam a novem destes era dado o alarme, e com fumaça e gritos todos se uniam para combatê-los. Relata ainda que a praga se agravou por desleixo dos “intrusos”, nacionais sem título de posse, que não eram colonos, e já nos tempos de função de Serro Azul aviam se fixado nas periferias das colônias, sem, contudo, comprarem as terras que usavam, não participavam do combate aos insetos. Esforços contínuos foram necessários para aniquilar os insetos, e frequentemente plantações inteiras eram aniquiladas. Nos anos seguintes ouve ainda alguns focos, no entanto sem muitos problemas, “a gente já havia aprendido lidar com eles”.

Em outras Assembleias, de 1905, foram relatadas, organização de rios, de uma biblioteca, aquisição de boa semente de tabaco que segundo eles poderia ser uma boa fonte de recursos e exportado inclusive para a Argentina.

Jorge Franz, chefe da colonia, na quinta reunião da União dos agricultores, de 23 a 25 de março de 1905, apresentou relatórios, em que a situação eram relativamente boas, no entanto queixoso estava, sobre a separação confessional, em que estava se tornando pesada, pois, em cada número novo de evangélicos, não se podia abrir novas picadas, que dado ao seu número reduzido, ficariam excessivamente isolados.

Em Bom Principio reuniram-se para a sexta Assembleia de 5 a 7 maio de 1905, dos católicos alemães do Rio Grande do Sul, tratado nela pelo padre Max von Lassberg, sobre Serro Azul, a “Conservação das colônias velhas e organização das novas”, conferencia esta relatada no Deutsches Volksblatt, na edição de 10 de maio.

A febre de emigrar havia atingido a muitos nas colônias velhas e ainda hoje atingem muitos agricultores, que fariam melhor se permanecessem em suas casas, relata. Reforçando padre Max, que somente aqueles que tivessem certeza que suas terras não fossem produtivas, e/ou que tivessem terras, deveriam emigrar, todos os outros deveriam abandonar esta ideia de espirito aventureiro e garimpeiro.

Quanto a queixa de que as terras estavam “cansadas” Lassberg opinava, de que “as colônias se arruinavam e por que alguém as arruinara”, e acrescentava que na Europa e na Asia as mesmas terras “sempre novas”, sustenta seus habitantes a milênios. Incentivou também, além das pequenas propriedades rurais, a criação de novas pequenas industrias rurais para possibilitar adicionar lucros, temperando assim a ânsia emigratória.

Foram silenciados os boatos das terras inférteis, bem como da onda de gafanhotos, clima, transportes, notícias estas exageradas desfavoráveis a terra. Forte eram as falas de um orador, considerada atrevida, nesta assembleia, “quem vai a Serro Azul se desgraça e se arruína”, tanto que designaram o experiente agricultor Lüdkemeier de Estrela fizesse as averiguações, tendo este levado dois anos para apresentar o relatório concluindo “A maioria dentre voz comprará terras e ficará contente com a compra”. Outros técnicos representantes de autoridades civis e eclesiásticas fizeram suas ponderações favoráveis. Raro foi que em outras colônias haja tido tantas visitas oficias que a de Serro Azul, conforme os registros apresentados relata o Padre Godofredo.

Horst Hoffmann, anunciou sua visita a Serro Azul, para abril, como intermediário entre governo e a União de Agricultores, tendo esta preparado uma recepção grandiosa pra a ilustre visita, colocando um vigia na estrada em meio a mata, para recepção da comitiva. Tendo a sentinela permanecido por longas horas a espreita. Finalmente apareceram dois cavaleiros, tendo o vigia a estes perguntado se sabiam quando viria o Dr. Hoffmann? Sim foi a resposta, vira logo, foi a resposta evasiva. Então devo esperar ainda, diz o vigia resignado pelo seu destino, sentando-se novamente a sombra da mata virgem, a espera deste. Os dois cavaleiros chegaram a Serro Azul, sendo um Dr. Horst, pouparam-se as pompas e os versos dos escolares, compensando a noite o ilustre visitante um barril de chope, que o vigia em tempo também pode aproveitar pois, avisado foi por um estafeta pode participar da festa.

            Passado a crise com os gafanhotos, segue relatando o Pe. Godofredo, no Jornal do Dia[5], e em nova assembleia geral da União dos Agricultores Riograndenses, em Taquara do Mundo Novo, de 07 de abril a 04 de maio de 1909, apresentando-se o relatório mais otimista, pelo Sr. Kün, surgiu, no entanto, um novo empecilho desta vez burocráticas de funcionários públicos. Ao que se entende foram vendidos o mesmo lote a mais de um colono, negando-se o estado a fazer o ressarcimento, e colocando os agricultores em outras regiões, diferentes da de Serro Azul, como Soledade e Passo Fundo.

            Após várias negociações com o governo, conseguiram “certidões”, que podiam ser trocadas por outros lotes e escolher lotes em Serro Azul, ou cobras da União dos Agricultores a quantia equivalente. Um novo governo estabeleceu-se e recusou a receber Horst Hoffmann, bem como as certidões como pagamento. Somente em maio de 1908 restabeleceu-se a aceitação das certidões, após negociações feitas pelo fiador Dr. Luiz Englert, com o governo.

            Sobressaltos novamente quando o Jornal “A Federação” intimou Horts Hoffmann pagar 40 mil contos de reis, ou então perder a concessão. Culmey, partiu de Serro Azul para a capital, e antes de expirar o prazo, revidou dizendo que devia somente duas prestações trimestrais, que não ultrapassavam a 21 contos, mas não havia recibos escritos, tendo o processo arrastado por nos, tendo sido necessário revisar os assentamentos de Serro Azul e Santa Cruz, originando com isso incertezas, boatos e agitações dentro e fora das regiões das colônias.

            A diretoria central tentou acalmar os ânimos, dizendo que nada havia a temer por seus direitos a propriedade, tudo isso, por algum equívoco nas contas dum funcionário desconhecido, no entanto no período em que correu o processo não se podia dar nada em garantia. Desta forma a União perdeu a confiança de muitos agricultores que ignoravam as reais circunstancias. Ainda havia o fato de que o primeiro diretor da colonia, Sr. Jorge Franz, havia saído em 1905, sendo substituído pelo Sr. Helmut Smidt também de Santa Cruz, ficando até 1914, adquirindo a confiança dos habitantes, na pratica da medicina não se comparava com Franz, mas seus conhecimentos como negociante fez florescer o comercio e a indústria.

            Compensou a exportação de tabaco e banha, por Tupanciretã, tendo em vista o custo do frete por arroba, que ficava em $400 reis a 1$000 reis. A produção dos primeiros colonizadores pôde ser vendida aos recém chegados bem como as guarnições militares de Santo Ângelo e São Luiz Gonzaga e São Nicolau.

            A União de agricultores por sua vez contribuiu para abertura de caminhos e melhorias nas vias de transporte, ao que se relata em 1912 contribuiu com 30 contos em trabalho nas estradas, tornando-as carroçável, sendo em alguns momentos melhor que em outras regiões, sendo que as picadas uniam-se as estradas principais ligando Serro Azul a Guarany, Santo Ângelo e Serro Pellado, ficando melhor quando a via férrea chegou a Ijui, em 1911, depois até Rio Branco e Santo Ângelo em 1922, caminhões e ônibus por sua vez iniciaram suas trajetórias nos transportes de passageiros e cargas, marcando o desenvolvimento marcando antes da criação da Caixa de deposito e credito que foi em 1913, pela União dos Agricultores.

            A religiosidade foi marcante desde os primórdios. Algumas famílias organizaram o culto divino e as escolas católicas, sendo a primeira devoção popular em 08 de agosto de 1903, segundo o relato. Nas anotações constam uma coleta de 600 reis, e após a devoção foi organizada uma comissão escolar, sendo eleito como diretor o professor Peter Dewes, integralmente pela União de Agricultores, depois, somente uma parte. As aulas, devoção e a Santa Missa eram realizadas na central de imigração. Os católicos criaram os estatutos em 01 de novembro de 1904, bem como a comissão para construção da igreja.

            A construção da primeira capela, no velho ponto central, descreve, durou desde o princípio de janeiro de 1905 até janeiro de 1907, tendo como primeiro pároco residente o Padre Sponlein, chegado logo que terminou a construção do prédio, morando por anos em casa particular, até que pudesse, com as sobras da construção da capela, construir uma pequena casa canônica.

            Nos 25 anos da União dos Agricultores, muitos viram a pequena capelinha e sacudiam a cabeça com desprezo, mas quem colaborou com a construção sabe dos tempos de carestia e o sacrifício para iniciar e fazer a capela, quase tudo feito no braço, não havia serraria no local, todo madeiramento foi preparado a mão, muita gente tinha para pobres choupanas, e em muitas casas mal havia pão e mantimentos, somados a isto ainda, a construção de escolas nas picadas e as estradas feitas com pesado trabalho manual. Assim os sacrifícios para construção da pobre capelinha foram bem maiores que o da construção da Igreja Matriz.

            A capela se tornou pequena demais. A chegada de novos colonos era constante, o sino adquirido em 1906, por contribuições espontâneas já calculado com o crescimento para colocar no novo campanário. Em comum acordo com os padres Palotinos desenvolveram o projeto de construção com a União dos Agricultores, uma igreja mais espaçosa. Em 16 de março de 1911, o Padre Wimmer fez a primeira coleta para a construção, que rendeu 5.119$000 reis. Os planos logo foram pautados por dificuldades, foi preciso um gasto extraordinário de dinheiro e materiais, para lançar os alicerces em grande profundidade no solo dado o perigo que as formigas minassem, os mesmos. O fundamento das duas torres atingiu 5 metros de profundidade. As pedras grês para os alicerces estavam a mais de duas horas de distância. Cimento, cal e areia vinham pela estrada de ferro até Rio Branco, e daí transportadas de carretas até Serro Azul em viagem de 2 a 3 dias, resultando o frete mais caro que o próprio material. Os tijolos podiam ser preparados no local, mas foi necessário primeiro aprender a arte, perdendo-se muito tempo nas primeiras experiencias mal sucedidas.

            O tirolês Gfaller, construtor de igrejas, elaborou o projeto da planta da Igreja Matriz. Deveria ter 45 metros de comprimento, por 21 de largura e 26 de altura, precisando muitas vezes o próprio arquiteto por mãos a obra, pois, os pedreiros muitas vezes não conseguiam entender e seguir fielmente a execução da planta.

            Em 01 de novembro de 1913, os alicerces estavam prontos, relata, que até a ultima pedra da pedreira foi arrancada, em 21 de janeiro de 1921 foi benzida a nova igreja, vindo mais tarde novo carrilhão com quatro sinos, e um grande altar mor.

            Em 1928, olhando o passado diz: “as esguias torres de 48 metros, o formoso portal, as três naves com altas arcadas, o bom gosto no acabamento, o novo altar ricamente decorado, fazem desta matriz, recentemente concluída, na diocese de Uruguaiana, a perola das igrejas do bispado e um digno ressurgimento da arquitetura religiosa das antigas Missões”.

            Aos padres Palotinos, de 1907 a 1921, esteve a direção na cura das almas, a 4 padres seculares de 1921 a 1923, e daí até 1956, os padres jesuítas que fundaram a União dos Agricultores, e por patrocínios dessa fundaram um Seminário Menor, para as vocações de Uruguaiana, descreve padre Godofredo. A partir de 1956, o clero secular de Uruguaiana assumiu a direção da Paroquia.

            Muitas capelas foram erguidas nas picadas, orientados pelos padres, sendo cinco nos primeiros 25 anos:

            Linha Santo Antônio a terceira picada ou linha partindo da cidade colonizada em 1904, pelas famílias, Adams, Wenzel, Finkler, Kunrath, Schardong, Stein e Stracke, fizeram uma comissão em 12 de novembro de 1905 para construção de uma capela-escola, composta por 35 membros. Em junho de 1906 a capela-escola estava construída, sendo a primeira de Serro Azul, sendo que em 1909 e 1910, ampliou-se o prédio com uma moradia pro professor. Em 1912 foi adquirido um sino, e dois anos depois uma casa de pedra para o professor. Em 1925 foi necessário ampliar o prédio. O fundador da comissão Sr. Anton Wenzel, teve grandes méritos nas conquistas, tanto na escola como para a linha que ficou com o nome Santo Antônio, com referência ao celeste padroeiro, bem como um recordatório ao fundador;

            Linha São José, ao lado da Santo Antônio, em 1927 teve sua escola própria;

            Linha São Salvador, em 1915, tinha somente uma plantação bem carpida, em meio a mata virgem, com uma pobre choupana. Foram dois os fundadores: José Aloys Franzen e Nicolau Wedel, haviam se aventurado desde São Salvador do Cai, àquelas matas. Esclarece padre Godofredo que voltaram uma vez a terra natal, assim que tudo estava organizado e plantado, para buscar as donas de casa “não é bom que o homem esteja só”. Constituíram famílias e progrediram notavelmente. José Aloys Franzen foi nomeado mais tarde pela União de Agricultores para diretor da colonia de Porto Novo, usando suas experiencias da fundação da Linha São Salvador. Destaca que era uma das linhas mais prosperas a Oeste da colonia Serro Azul, com uma capela de 28 metros de comprimento, 13 de largura, e 15 metros de altura, tendo custado 50 contos em material e mão de obra. No centenário da imigração alemã, foi lançado a pedra fundamental de uma escola e em 1926 de outra, da escola de aperfeiçoamento.

            A Linha Tremonia a leste foi a de maior destaque, onde deveria ser o ponto central da colonização protestante na colonia Serro Azul, sendo estes em menor numero, fazendo com que la se fixassem católicos vindos principalmente de Cai: Birk, Chassot, Fröhlich e Adams. Em 1910 foi erguida uma escola e depois uma capela-escola e a casa do professor.

            A Linha Caçador, a 4 quilômetros da cidade, foi colonizada mais contemporaneamente, pelas famílias Antes, Dill, Ludwig, Hertz e Simch. A escola no inicio foi na casa de Anton Simch (Cimch), e o prédio da escola foi em 1911 e um pouco mais tarde a casa para o professor.

            A Linha Santa Fé, iniciou-se em 1907, pelas famílias Bieger, Agnes e Bremm e a escola em 1910, substituída em 1922 por outra de alvenaria.

            A região da colonia Guarany, na Linha Olga, mais conhecida como São Francisco, por causa da escola-capela construída em 1912. Em 1926 iniciou-se outra maior, dedicada ao mesmo santo, com 33 metros de comprimento, e 13 de largura. Os fundadores desta picada em 1909, foram as famílias Klein, Welter, Bergmann e Hannauer, vindas de São Salvador do Cai.

            A Linha Santa Catarina, uma das maiores, iniciou-se em 1904, pelas familias Dewes, Bogorny e Caspary. A escola funcionou na casa de Peter Dewes, e em 1912, nesta, foi celebrada a primeira missa pelo Pe. Fücht-Johann, e em 1912 foi erigida uma escola-capela e depois a habitação do professor.

            Em 1910, ao norte de Serro Azul nas picadas Dona Ottilia e Dona Helena, colonizada em 1910, pelos católicos, que organizaram a comunidade São Paulo, pelos colonizadores Werle, Schwarner e Matte, levantando-se a primeira escola-capela em 1913, e a casa do professor concluída em 1925. Já de 1926 a 1928 foi erigido imponente capela, descreve o Pe. Godofredo.

            Na Linha Boa Esperança com seu desenvolvimento chegou a ser o segundo centro da colonia, fundada pelas familias Back, Arenhart e Lauscher, vindas em 1910 (zero apagado), sendo que em agosto deste ano o Pe. Koenig rezou a primeira missa na central de Imigração, em 1913 foi feita a primeira escola-capela, ampliada em 1926.

            A picada dupla de Burity, constituída pelas linhas Butiá e Gertrudes, teve a primeira escola em Butiá do meio no ano de 1909, fundada pelas famílias Scherer, Hartmann, Werener e Bourscheit. Em 1910, foi construída uma escola-capela, desfeita em 1914, sendo dai na Butiá inferior feita outra comissão de escola-capela, sendo esta espaçosa e com casa para o professor, anexo a uma meia colonia de terras. Já a Butiá Superior foram os primeiros moradores e fundadores, as familias Thomas, Griebeler, Weyh e Eberhart, sendo que em 1917 foi organizado uma escola-capela, e a partir de 1926 uma grande capela, com 35 metros de comprimento, 14 de largura e uma torre de 35 metros de altura.

            A Linha Caraguatá, fundada em 1907 pelas famílias Hillescheim, Wehner, Maletz e Wendeling, sendo construída uma escola-capela em 1926.

            Relata ainda que aos poucos foram sendo constituídas comunidades e escolas nas Linhas Atolosa, Ipe, Quinota e outras picadas.

            Os colonos protestantes pertencem a duas denominações distintas, sendo a maioria filiados ao Sínodo Evangélico Riograndense, unido em 1950 em confederação nacional com outros sínodos do Brasil. Os demais pertencem a igrejas menores ou do Sínodo Luterano de Missouri. Estes protestantes, em 1909 localizaram-se a leste principalmente nas picadas de Dona Ottilia e Dona Helena, e parte da limítrofe colonia Municipal de São Luiz. Os do Sínodo riograndense fundaram a Igreja na comunidade Emanuel, já os Missouri em 1915 a primeira capela e casa para o professor e em 1916 a casa do pastor, tendo um pastor residente na colonia.[6]

            Seguem outras publicações enaltecendo Serro Azul, hoje cidade de Cerro Largo, relatando os difíceis momentos na sua criação e regozijando-se com os feitos históricos e pelo trabalho de seus precursores, como no discurso do General Pinheiro Machado em São Luiz, “só os alemães sabem colonizar, só os alemães conseguem cultivar florestas, provaram-nos em outros lugares, sim, mas também na colonia Serro Azul, que floresce explendidamente. Viva a nação alemã, e viva a Colonia de Serro Azul.”.

            No diário de Noticias do Rio de Janeiro, noticiou no dia 29/11/1892, “foi approvado proposta da inspectoria geral de terras e colonização da mudança de nome da colonia de Lucena no Alto Uruguay para o de colonia Guarany, visto existir outra de egual nome no norte da Republica.[7]

            Na Gazeta de Notícias, de 21/09/1894, foi noticiado que foi nomeado fiscal das medições do Banco Iniciador de Melhoramentos, na colonia Guarany, Estado do rio Grande do Sul, o agrimensor Cherubin Tabeliano da Costa. [8]O mesmo jornal em 24/12/1899, noticia a autorização para criação de uma agencia postal na colonia Guarany.

             No relatório apresentado ao vice presidente do Brasil, no 5º ano da Republica, no ano de 1893, Commissão na Colonia Guarany, nomeados: Chefe Agrimensor Ernesto Musell Filho, portaria 31/10/1892; Ajudante, Acursio Correa de Sá, portaria 28/10/1892; Agrimensor João Baptista Turim, portaria 19/02/1891; Auxiliar Técnico, Hjalmar Tufvesson19/02/1891; Escripturario, Manoel Gonçalves Roseira, 15/02/1892; Pharmaceutico, Adolph Ambros, portaria 03/02/1892[9]. No relatório de maio de 1894, temos: Agrimensor Ernesto Musell Filho, Escripturario Braulio de Oliveira; Pharmaceutico Adolpho Ambros, medico vago[10]

           

           

                         

           

 

Em 01/05/1912, foi noticiado a abertura da agencia do correio, em S. Luiz, em Serro Azul[11]

Em 10/07/1912, O comissionado do Ministério da agricultura para fiscalização de estabelecimentos agrícolas nos Estados do sul da republica, Dr. Rodrigo Peixoto, fez palestra sobre pragas agrícolas em Serro Azul, e foi criado neste dia uma cooperativa para extinção de formigas[12]

Em 16/09/2012, inaugurado a estação telefônica em Serro Azul, por Clarimundo de Almeida Santos, conforme telegrama enviado de Commandahy, pelo mesmo, saudando e agradecendo ao governo do estado.[13] Em 10/11/1916, foi noticiado que estava sendo instalado telefone de S. Luiz a Colonia Serro Azul[14].

Em 04/10/1912, o presidente do sindicato agrícola de Serro Azul, agradeceu ao inspetor agrícola, José Batista, a remessa de várias sementes sendo que aquele sindicato plantou 220 ha de trigo, e os colonos igual quantidade.[15]

Em relatório das Obras Públicas, publicano no jornal a Federação (19/10/1912)[16], consta que eram duas as colônias em andamento, a de Guarany e Erechim, na primeira com dois inspetores florestais, sendo dirigida pelo chefe Clarimundo de Almeida Santos, onde foram medidos 1683 lotes que somados aos 4203 existentes, totalizavam 5.586, e destes 1.126 foram por contrato 557 pelas turmas da comissão, achando-se naquela época ocupados 5.129, e devolutos 757, e a área medida de 19.160ha. A população estimada de 18.300 habitantes excluindo-se os da colonia Municipal de Serro Azul.

Segue o relatório informando que no período ingressaram na colonia 2.910 imigrantes, dos quais 2.447, pelo povoamento do solo, 157 pelo estado e 306 espontâneos, sendo estes últimos na maioria vindos das antigas colônias alemãs.

Informa ainda que os recém chegados, recebiam casas, ferramentas, sementes e trabalhavam nos caminhos vicinais, tendo a comissão o cuidado com estes e suas bagagens.

As estradas eram bem cuidadas desde Ijuhy e fronteira, passando por São Luiz e Serro Azul entre outros. 200 km de estradas a direita do rio Commandahy, ligando as secções, em boas condições de trafegabilidade ligando o Uruguay com insignificantes aclives.

A produção apesar das chuvas e cheias dos rios reduziu em um terço a colheita do trigo, feijão, centeio, mesmo assim comiserada grande a produção da colonia, de 3.700 contos de reis e a importação de 700 contos.

Possuía10 aulas e servida por telegrafo e uma linha telefônica. 

Em 10/12/1912, publicano no Rio a notícia a nível federal que em emenda ao orçamento, proposta pelo deputado Octavio Rocha, o governo autorizou entre outras o prolongamento da estrada de ferro de S. Luiz a Serro Azul[17], em concessão por concorrência publica por 90 anos, com reversão para a União, sendo o Ministro de viação José Barboza Gonçalves satisfeito com a aprovação, e em 02/01/1913, noticiou no Rio de Janeiro, no Orçamento da Viação, que o Rio Grande do Sul, ficou contemplado no referido orçamento a referida construção da estrada de ferro.

Em 14/12/1912, foi noticiado no Rio, um fato na Câmara, onde o deputado Homero Baptista pediu e obteve autorização para publicar os protestos contra o projeto de divórcio, protestos estes, dos habitantes de Uruguayana, Itaquy, e Serro Azul.[18]

Em 04/11/1914, O Coronel intendente de S. Luiz obteve autorização do Conselho Municipal para instalar uma linha telefônica daquela cidade a colonia Serro Azul.

Em 29/01/1915, seguiu para Serro Azul, o intendente de São Luiz Gonzaga, Coronel Fructuoso Pinheiro Machado, a serviço eleitoral

Em 24/02/1915, o Governo do Estado mandou construir uma linha telefônica da Sede de Commandahy (Guarani das Missões), à colonia Municipal, ficando a vila ligada ao 5° Distrito, até Porto Lucena e núcleos coloniais de Serro Pellado e Serro Azul.[19] Em 26/12/1916, noticias de Commandahy, hoje Guarani das Missões, de que havia sido inaugurado o serviço telefônico de Commandahy a S. Luiz, ficando a colonia Guarany, com São Luiz, Santo Ângelo e colônias de Santa Rosa, Serro Azul, Municipal e Burity.[20]

Em 10/07/1915, os moradores da linha Santa Barbara, representados pelo Sr. Pedro Malmann, dono de uma atafona, tocada a vapor, que estimou a produção de 2.500 sacos de farinha de boa qualidade, neste ano, o qual propôs ao Intendente de S. Luiz Gonzaga Coronel Fructuoso a construção de uma ponte sobre o rio Encantado, sendo a proposta os moradores fariam os trabalhos de pedras e os aterros da ponte e a Intendência custearia as madeiras.[21]

Em 28/06/1915, seguiu para Serro Azul, o Intendente Fructuoso, a serviço.

Em 20/07/1915, os moradores da colonia Serro Azul e Guarany, notam movimento favorável a candidatura para Senador o Marechal Hermes.[22]

Em 01/11/1915, retornou de viagem de inspeção, o Dr. Torres Gonçalves e o Coronel Bráulio de Oliveira (intendente de Santo Ângelo), que percorreram as colônias de Santa Rosa, Quaray, até o Porto Lucena e colonia Serro Azul, inspecionando estradas e providenciando um plano de viação, mostrando Gonçalves grande interesse e empenho no desenvolvimento destas colônias.[23]

Em 15/04/1916, seguiu viagem o vice presidente do Estado, em exercício, General Salvador Pinheiro Machado, em viagem de inspeção, as colônias Santa Rosa, Guarany e Serro Azul. [24]

Em 30/05/1915, de S. Luiz chegou a noticia de que o preço do milho na colonia Serro Azul tende a baixar, por ser abundante a colheita.[25]

Em 19/09/1917, uma crise de transporte e comercio ficou resolvida na praça de comercio, na capital do estado sendo esta região do estado designado o Coronel Antônio Soares de Barros, conforme telegrama representando as colônias Guarany e Serro Azul, conforme telegrama de Coronel Dico de Ijuhy comerciante, nos assuntos das dificuldades e prejuízos por falta de transportes. Assinaram o referido telegrama: Guilherme Carlson, Antônio Saffi, Theodoro Rittmann, Jorge Nesmi, Leão Warpechowski, Zigmundo Gurski, Adolpho Ambros, Júlio Lubini, Adão Straub, Zygmundo Novakowski, João Hoffmann, João Kowalski, Marcello Straub, João Kuznienski, Ignacio Salawski, Reinhard Mundstock, Roberto Frey, Pedro Kliemann, Adolfo Hungrath, Julio Schwengberg, Lydio Silva, Pedro Moscão, Antônio Lubini, Ladislau Zborowski.[26]Supõe-se, que o grupo acima deveria ser dos comerciantes das duas colônias. O Coronel Antônio Soares de Barros era representante da praça de Cruz Alta, cuja cidade era a promotora do evento, e contou com delegados representantes de todos estado, e reuniram-se no dia 21/09/1917, as 10 horas em Porto Alegre, sendo que o delegado de Cruz Alta chegou dois dias antes pelo “noturno”, acredito ser o trem noturno, para o congresso dos comerciantes, conforme noticiado. No dia 22/09 clareou as premissas da crise de transporte, sendo que o congresso dos comerciantes debateu acerca das medidas a serem reclamada contra as irregularidades do trafego da Viação Férrea do Rio Grande do Sul, em extensa e forte reivindicação ao Estado e a União.

Deixamos de publicar aquelas notícias em que houve brigas e mortes, e foram fato de notícia no Jornal A Federação.

Em 27/02/1918, o bispado de Uruguaiana divulgou relatório, onde consta 31 matrimônios em Serro Azul e 70 em São Luiz.

Em 05/04/1918, o Intendente de São Luiz proclamou em seu relatório anual que “foram compostas as estradas de Serrinha (Estradas do Serro Azul – Guarany), no Passo dos Viola.[27]

Em 28/10/1919, foi publicado a estatística da população do Estado, onde, entre outros Ijuihy, com 28.300 habitantes, 1.424 km2, densidade demográfica, 19,7 km2; Santo Ângelo 31.400 habitantes, 13.000km2, densidade 2,5; S. Luiz Gonzaga, 26.200 habitantes, 4.918 km2, densidade 5,4, na sede em São Luiz, 2.400 habitantes; totalizando o Estado 1.385.500 habitantes, 265.000 km2, densidade 7,5; e nos principais povoados mais importantes consta em Santo Ângelo – São Miguel, Guarany, 14 de julho (Santa Rosa), Santo Christo, Nickel, Campinas. São Luiz Gonzaga - São Nicolau, Serro Azul, Poço Preto e Serro Pellado. [28]

Em 03/10/1922, o fiscal de São Luiz remeteu faturas de maquinas adquiridas em Serro Azul pelo Sr. Roberto Frey, da empresa Alliança Sul, para refino de banha.[29]

Em 08/02/1923, deu-se notícia de que estava quase terminado o levantamento da estrada de ferro que vai de Santo Ângelo a São Luiz Gonzaga e que foi construída sob a chefia do Capitão Buarque, e consta que em poucos dias estudará ele, um novo traçado com passagem obrigatória por Guarany e Serro Azul.[30]

Em 15/02/1923, foi publicado extrato de reforma dos estatutos da Caixa Econômica Serro Azul, Município de São Luiz Gonzaga, sociedade de credito, sistema Raiffeisen, responsabilidade pessoal solidaria, etc.[31]

Em 12/07/1923, O Ministro de Viação e Obras Públicas, enviado ao jornal Missões de São Luiz Gonzaga, comunicava que determinou que se procedesse um novo estudo de um traçado que partindo de Santo Ângelo atravessasse a Colonia Guarany e Serro Azul em demanda a São Luiz, ponto terminal, neste sentido providenciou a Inspetoria Federal de Estradas de Ferro, para que o comandante do 1º Batalhão ferroviário e o engenheiro chefe da estrada de ferro de Cruz Alta a Porto Lucena, estudem as indicações fornecidas pelo diretor das Missões. [32],

Em 04/11/1924, houve o levante militar de Prestes, tendo se acantonado em São Luiz Gonzaga. O Jornal noticia que 2.000 colonos de Serro Azul, Serro Pellado, Colonia Sommer, e outras situadas no município de São Luiz, às margens do rio Ijuhy, ao receberem a notícia do levante reuniram cerca de 2.000 homens e postavam guarda em todos os passos e nas embocaduras das linhas, tornando assim praticamente impossível a entrada dos sediciosos. No jornal de 21/11/1923, se noticia que Serro Azul, não quis fornecer viveres aos revolucionários, nem mediante pagamento à vista. É uma história que merece um capítulo a parte, sem dúvida, os colonos se sentiram acuados, porém, mostraram firmeza nas suas convicções em defender suas propriedades.

Em 06/11/1926, foi criado uma cooperativa “Sociedade Cooperativa Colonial” na Linha São Salvador, Colonia de Serro Azul, com a finalidade de compra, venda e beneficiamento de produtos coloniais. [33]

Em 06/12/1926, foi criado a Comunidade “Immanuel evangélica-lutherana de Serro Azul, na colonia Pinheiro Machado, 4ºdistrito de São Luiz Gonzaga, cujos estatutos foram firmados por, Emilio Vorpagel,diretor, João Vorpagel, diretor, Curt Raschke, pároco, Gustavo Griep, Carlos Christian Lorentzer, Germano fiss, Emilio Frank, Frederiko Stallbaum, Alberto Klug, Augusto Griep, Alberto Carlos Griep, Henrique Pagel, Ricardo Frank, Alberto Griep, Emilio Klug, Alberto Eduart Vorpagel, Ricardo Vorpagel Segunta, Erich Wachholz , João Heill, Alberto Bergmann, Alberto Augusto Vorpagel. [34]

Em 27/05/1927, inaugurada a variante da estrada mandada construir pelo intendente de São Luiz Gonzaga, no trecho conhecido como Serrinha, conduz a colonia Guarany e Serro Azul. Falaram em nome do intendente o Dr. Decio coimbra, e também falaram o Capitão Oliveira mesquita, e o Dr. Pedro Soeiro de Souza e, por último o advogado Pedro Pacheco em nome dos habitantes das colônias Guarany, Rondinha e Serro Azul, agradecendo os melhoramentos entregues e inaugurados.[35]

Em 08/09/1927, foi aberto propostas em São Luiz Gonzaga, pelo Intendente Virigilino Coimbra, estando presente o Coronel Irineu Queiroz, representantes da imprensa, além de todos os funcionários do município, para construção da usina hydro elétrica da cascata do Pirapó, no rio Ijuhy.  Compareceram a concorrência três empresas, e dentro das propostas estava a construção de rede para abastecer Serro Azul. Após lavrada a ata, o intendente colocou para apreciação e estudo da Secretaria de Obras Públicas. Destaca ainda cada vez mais o interesse público por esta obra, ao tempo em que se espera a construção da estrada de ferro de Jaguary a esta cidade (S. Luiz).[36] Foi firmado contrato com a Sociedade Suissa, para construção de uma usina hidro-eletrica moderna, para abastecer São Luiz e as demais colônias. A transmissão será de alta tensão de 20.000 volts aos centros consumidores, com previsão de sub-estações nos locais mais povoados com transformadores. A queda de 9 metros no Pirapo, com bastante água pode fornecer cerca de 10.000 cavalos. A turbina pesa mais ou menos 12.000 kilos sendo a maior turbina que já entrou no estado. O tubo adutor de 1600mm, turbina com eixo vertical, com sistema de hélice com velocidade especifica extra alta com o gerador acoplado diretamente no eixo da turbina, e as escavações na rocha foram de até 10 metros, levando 2 meses para execução.[37]

Em 17/10/1928, foi empossado o novo intendente de São Luiz Gonzaga de Virgilino Coimbra para Marcellino Krieger, para o quadriênio 1928 – 1932, e tomo posse no mesmo dia os conselheiros (vereadores), Lindolpho Gonçalves de Oliveira, Leão Warpechowski, Alziro Ferreira de Moraes, Dr. Pedro Pereira de Camargo, Arthur Queiroz, Eugenio Rotta, e Monsenhor Estanislau Wolski, com discursos entusiastas pelas autoridades representadas, e a noite do mesmo dia terminou com uma cervejada na casa do ex-intendente.[38]

Em 16/01/1929, foi criado a Congregação das Filhas do Divino Amor, na colonia Serro Azul, no município de São Luiz Gonzaga. [39]

Em 18/04/1929, despertou entusiasmo a fundação de uma sociedade anônima, para fins de refino de banha e derivados e porco, sendo que em Serro Azul houve a subscrição com cerca de 400 cotas, algumas no valor de mais de 40:000$000[40]

Em 24/02/1931, foi criado a coletoria em Serro Azul, pelo decreto 4.729, de 24/02/1931, pelo interventor federal, José Antônio Flores da Cunha, com jurisdição, ou abrangendo, os territórios do 4°, 5°, 6° e 9° distritos com limitações ao norte com o Rio Commandahy, abaixo até a foz do rio Uruguay, ao sul pelo rio Ijuhy, acima até a barra do Lageado Grande, a Leste com o Lageado Grande a partir da foz do Rio Ijuhy, entre os lotes 53 da Linha Porto Alegre e 30 da Linha Chinita, e deste marco em reta até o Rio Commandahy, etc. e a Oeste com o rio Uruguay, até a barra do rio Ijuhy.[41]Nomeado o Sr. Eugenio Thomaz para o cargo de guarda. Em 24 de agosto, pelo decreto 4.849, foi declarado avulso o escrivão da coletoria Sr. Arthur Maraninchi.

Em 27/04/1931, noticiou-se que tombou morto a bala, em conflito numa festa de colonos o Major Antônio Cardoso, na Linha Encantado, sub-prefeito e republicano. Mortos também dois sobrinhos do mesmo e ficando gravemente ferido o filho João Cardoso. Consta ainda que o promotor do conflito Taversani, que ferido gravemente veio a falecer, constando ferida também sua mãe.[42]Em outra publicação no dia 28/04/1931, esclarece que foi na localidade de S. Marcos num baile, provocado por dúvidas entre os irmãos, Affonso, Adolfo e Eduardo Feversani, e os Srs João Cardoso filho e Antônio Theodoro Cardoso. Morreram na luta os irmãos Anibal, Eduardo Feversani, Affonso Feversani, uma senhora e outro morador das redondezas ficaram feridos, consta ainda que Antonio Cardoso na saída sala tentando conter os ânimos, levou um tiro certeiro na nuca, tendo morte instantânea. [43]

Em 20/04/1932, pediu demissão o sub-prefeito Sr. Lindolfo Gonçalves de Oliveira, e indicado para substituir o Sr. Theophila de Mattos Marques. [44]

Em 19/12/1936, foi criado um Grupo Escolar em Serro Azul, pelo Decreto n. 6.345, de 11/12/1936, assinado por Flores da Cunha.[45]

Ilustração publicada p.9, https://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=174068&pesq=%22Serro%20Azul%22&hf=memoria.bn.br&pagfis=3684, acessado em 23/02/2024.

Em 1913, foi criado pelo Sumo Pontífice Leão X a Diocese de Uruguaiana, onde se inclui a Colonia Guarany e Serro Azul.[46]

 

 

 

Os italianos comemoraram 50 anos de imigração, tem um grande material no link https://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=388653&Pesq=%22Serro%20Azul%22&pagfis=57509

Festa em Guarany Dr. João Dane https://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=388653&Pesq=%22Serro%20Azul%22&pagfis=58450

Histórico poloneses guarani das missões, https://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=882054&pesq=%22Serro%20Azul%22&hf=memoria.bn.br&pagfis=22150

 

 

Em 1910, já encaminhadas muitas famílias à região de Campina, entre russos e suecos, foi demarcada uma pequena sede, com a finalidade de formar um centro comercial, pois, Porto Lucena distava 30 km e ou 44 ao Commandahy (Guarani), e para facilitar ainda mais a vida dos imigrantes foi aberta outra estrada ligando Nikel a Colônia de Serro Azul.37 Cândido José Godoy se refere da seguinte forma sobre Serro Azul: [...] para facilitar a vida a esta zona, mandei abrir na sede Nickel, uma estrada ligando as nossas terras à colônia Serro Azul, onde, há 12 kilometros, existe um moinho e serraria a vapor. 38 Neste mesmo ano, a Companhia Colonizadora Riograndense fundou a Colônia Boa Vista, entre os rios Boa Vista e Santo Cristo, e eram de propriedade de Dr. Horst Hoffmann, que havia adquirido do Estado, tornando o que hoje é o município de Santo Cristo, rapidamente, em um polo de crescimento regional, polarizando o centro imigratório.

Algumas considerações, no entanto, são necessárias, para entendermos a situação. Por exemplo, São Luiz Gonzaga considerava o 5º Distrito muito grande, tanto que criou a Colônia Serro Azul, em 1902. Já estavam criadas cinco sedes em 1913, as sedes das futuras cidades da região, a exemplo: Commandahy, Nickel, Porto Lucena, São Francisco Xavier (Porto Xavier) e Laranjeiras (Ubiretama)

Em 1922, foi inaugurada uma linha de caminhão, para transporte de carga mista. Da metade da carroceria do veículo citado para a parte da dianteira eram colocadas tábuas atravessadas que serviam de bancos aos passageiros; muita gente reclamava a dureza das tábuas, outros davam graças a Deus por terem este transporte que era único. O espaço que ficava livre, a contar dos bancos, era utilizado como carga de mercadorias (SANTOS, Pedro Marques, p. 301-302). Partia de Santo Ângelo nas terças-feiras às 8 horas, passando por Guarani e Serro Azul até São Luiz. Quando em viagem normal, das 16 às 17 chegava em São Luiz, e regressava de São Luiz (inverso) aos domingos às 8 horas. O preço da passagem era de 40$000(quarenta mil réis). Esta linha era de Olimpio Beck, pioneiro neste trajeto.

O Ministro Francisco Salles anunciou que estudos haviam sido feitos e apreciados pelo Ministério de Guerra. Este ramal, no entanto, seria por Santo Ângelo – Guarany – Serro Azul – São Luiz, mas este projeto também morreu nas gavetas do ministério (SANTOS, Pedro Marques, p. 306

Registros do município com sedes distritais, leis e decretos de criação foram encontrados no Livro de Registros municipal, especificando que, entre 1920-1926, o município estava assim dividido: 1º Districto - RR de 17.10.1817; 2º São Nicolau - L.P. 1827- 04.05.1881; 3º Igrejinha - AM 829 - 03.11.1899; 4º São Francisco Xavier - LP- 1238 - 03.11.1880; 5º Colônia Guarany - LP - 20.11.1883; 6º Colônia Serro Azul - AM - 65- 08.12.1913; 7º São Lourenço - DM - 14.06.1926; 8º Santa Lucia - AM - 128 - 31.12.1926; 9º Roque Gonzalez – AM; Convenções: RR - Resolução Regia; LP - Lei Provincial; AM - Acto Municipal; DM - Decreto Municipal (VIEIRA, Sonia Bressan, 2010). O Município de São Luiz Gonzaga era formado por Distritos, sendo o atual Guarani das Missões, 5º Distrito, como já vimos acima. A Governança era subsidiada por subprefeitos, subdelegados entre outros.



[4] Outeiro, pequena elevação do terreno, altar ou lomba.